"Quando os astronautas foram a lua, que coincidência, eu também estava lá! Fugindo de casa, do barulho da rua, pra recompor meu mundo bem devagar. Que lugar mais silencioso! Eu poderia no universo encontrar, que não fossem os desertos da lua, pra recompor meu mundo bem devagar" Biquini Cavadão

7/14/2013

OS OUTROS E VOCÊ, TDAH.



Cobranças intermináveis.
Explico minhas dificuldades, mas ninguém me entende. A maldita resposta à minha resposta: "mas é assim com todo mundo, nada é fácil".
É assim com todo mundo o C@#$%!!!! Comigo é mil vezes mais díficil, meu Deus, não entende!

Tentei fazer alguns próximos assistirem vídeos com ecplicações de TDAH pra ver se conseguia uma melhor convivência, paciência e? Sequer se interessaram.

E cobram, porque conseguem. Com aquele olhar julgador, como se eu fosse preguiçosa, lerda.. reclamona, como se eu tivesse dando desculpas esfarrapadas alheias todos os dias, sobre tudo.

- Conseguiu estudar? 
- Não.
- Vamos sair? Tem uma festa lá...
- Quero ficar em casa quieta.
- Mas você nunca mais saiu com a gente, vive dando desculpas!
- Não é isso.. ah, deixa.
- Você tá tomando remédios? Faz mal!!!!
- É, estou em tratamento., é assim mesmo, eu preciso..
- Esses médicos só querem vender! Você não precisa! Vá estudar!
- Tá.
- Conseguiu estudar?
- Não.
- Mas você não está tomando remédios? 
- Sim.
- Vamos sair, tem um pub..
- Ok, vamos.
- Você está quieta! Não vai beber?
- Não, não quero misturar ritalina com bebida. Vou embora.
- Por quê?
- Muita gente, muito barulho, quero ir pra casa.
- Nossa, Vivi, você não era assim. Esses remédios não te fazem bem.
- Tchau.


Felicidade?



Pelo jeito não vou saber o que é isso nunca.
Será que dá pra ser TDAH e feliz ao mesmo tempo? Será que dá pra ter uma certa "normalidade" na vida de um TDAH?

O mundo caminha em uma velocidade que: horas me vejo bem além e em outras me vejo parada diante dele.

Antes do diagnóstico tudo era mais difícil e mil vezes mais trabalhoso para mim: enquanto você lia um livro em dois dias (ler de entender) eu demorava uns três meses. Mas tentava. Muito triste e irritada, por vezes, por não conseguir me concentrar e ter que voltar a mesma página dez vezes. Mas tentava, não sabia o que tinha e achava que era burra mesmo, pois todo mundo conseguia. Me faltava interesse, por isso eu não conseguia - preguiçosa, me chamava.

Comecei a jogar um jogo de computador com uma história imensa e tarefas infindáveis. Nunca consegui ler uma história inteira. Meu Deus. Nunca. E organizar os poderes.. mas meu namorado me ajudava nisso, aí eu conseguia jogar. Quando pintava uma dúvida sobre a história, perguntava e resumidamente ele me explicava.

Fui diagnosticada e começou o tratamento. No primeiro mês parecia que tudo estava resolvido e a ritalina era "my precious". Comecei a estudar, lia, entendia, raciocinava sobre o que havia lido e fazia conexões com outros tópicos, ótimo.
Mas aí tudo passou e me senti pior que antes: ainda tinha os efeitos colaterais.
Aumentou a dose. Nada me ajudou. Depressão, ansiedade e os efeitos colaterais monstros aumentaram muito e nada de efeito benfico. NADA.

Aumentou a dose de novo. Idem acima.

Diminuiu a dose: idem, de novo.

Ontem tendei ler: não consegui. Pior do que antes do tratamento. PIOR.
Hoje tentei jogar: tive uma crise de choro.

Não penso, não raciocínio, não ligo fatos, não consigo ler, não.. não... não...

Nasci fadada ao fracasso, pelo visto.